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quinta-feira, 16 maio, 2024

Vídeo mostra patroa batendo em diarista grávida; vítima denuncia agressão e racismo

Imagens mostram mulher dando tapa na trabalhadora. Vítima disse que dormia no trabalho e não podia se alimentar fora do horário de almoço.

Por Fernanda Soares*, g1 PE

Uma diarista denunciou a patroa à Polícia Civil por ter sofrido racismo e agressão física num apartamento em Piedade, bairro nobre de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. De acordo com a vítima, que está grávida, as agressões aconteceram após a patroa se recusar a pagar o valor combinado pelo serviço.

O caso é investigado como injúria racial, lesão corporal e ameaça. As agressões aconteceram na quinta-feira (23), na frente da filha da diarista, uma criança de 2 anos. Um vídeo gravado pela vítima mostra a violência , Kássia da Silva, de 26 anos, contou que, por estar grávida de três meses, decidiu deixar o trabalho após quatro dias de expediente, por não aguentar fisicamente.

Kássia é mãe de quatro crianças e possui formação como auxiliar de dentista, mas trabalha como diarista para sustentar a casa. Ela conta que combinou o serviço de diarista por um aplicativo. A dona do apartamento, Cibele Aspasias, teria que pagar R$ 150 por dia. procurou a suspeita, mas ela não quis dar entrevista.

Segundo Kássia, Cibele teria pedido que ela dormisse no local, com a promessa de que pagaria R$ 1,5 mil por mês. Além disso, ela tinha uma hora de almoço e não podia se alimentar fora desse período.

“Eu só comia a partir das 11h. Eu não aguentava, e também tinha levado a minha fila de colo, porque não tinha com quem deixar. Uma vez, perguntei se tinha algo para comer, e ela disse: ‘tem dois pães ali na geladeira, mas estão mofados. Se quiser, compro outro pão'”, contou.

A diarista contou que trabalhava das 5h às 21h30, e que, ao contrário do combinado, não ficou responsável apenas pela limpeza do local, mas também por cuidar dos dois filhos de Cibele.

A doméstica também diz que, no dia em que saiu, limpou o apartamento, mas, ao avisar a patroa que não conseguiria mais continuar com o serviço, foi xingada e ameaçada.

“Ela começou a desarrumar a casa, jogar as coisas no chão e dizer que estava sem dinheiro. […] Eu fiquei arrasada, me senti um nada. Fui porque eu estava precisando”, disse Kássia.

Ainda de acordo com a diarista, Cibele a ofendeu com ataques racistas, dizendo que ela era uma “negra macaca” e que “gente da cor dela não sabia fazer nada e que não presta para nada”.

“Liguei [para a polícia] e coloquei no viva-voz, e ela disse ‘você vai se arrepender’. Ela surtou, deu um tapa em mim e tomou meu telefone, dizendo que ia quebrar”, contou Kássia.

A jovem disse que recuperou o telefone após o pai de Cibele intervir e começou a filmar a discussão. Nas imagens, é possível ver e ouvir a filha de Kássia chorando e as duas mulheres gritando uma com a outra.

Em um momento, Cibele dá um tapa em Kássia, que estava sentada no sofá com a filha no colo.

“O pai dela abriu a porta, me colocou no elevador e me deu R$ 15 reais. A PM tinha chegado, mas ela se recusou a ir à delegacia”, disse. Além desse valor, a patroa também deu R$ 10 à diarista, totalizando R$ 25 recebidos pelos quatro dias de trabalho.

Sem receber o pagamento pelo serviço prestado, Kássia registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Piedade.

De acordo com a advogada Bianca Carvalho, que representa Kássia, além dos crimes de racismo e lesão corporal, eles também vão entrar com uma ação por danos morais na Justiça do Trabalho.

“Ela trabalhava numa jornada de trabalho extraordinária e impedida de se alimentar fora do horário de almoço, só podendo jantar se houvesse sobras do almoço”, afirmou a advogada.

Ainda de acordo com a defesa, a patroa e as testemunhas só serão ouvidas na primeira semana de dezembro, e Kássia não tem contato com os ex-patrões.

“Não vamos deixar a voz do preconceito falar mais alto. O racismo não pode fazer parte da nossa cultura. Espero que Kássia tenha encorajado outras pessoas a denunciarem atos racistas”, afirmou a advogada.

De acordo com a Polícia Civil, um inquérito policial foi instaurado e está sob a coordenação do delegado titular da Delegacia de Piedade, Samuel Basílio. A corporação também afirmou que “outras informações poderão ser repassadas em momento oportuno”.

Fonte: G1

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