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quinta-feira, 2 maio, 2024

Bebê no cordão umbilical é salva na Síria após terremoto; mãe e família não sobreviveram

Recém-nascida encontrada na Síria é a única sobrevivente da família; pai, mãe, quatro irmãos e tia não sobreviveram ao terremoto

         As equipes de resgate na Turquia e no norte da Síria prosseguiam nesta terça-feira (7) em sua luta contra o tempo e contra o frio para encontrar sobreviventes entre os escombros após o terremoto de segunda-feira (6) que matou mais de 6 mil pessoas.

Durante os trabalhos, uma bebê recém-nascida foi encontrada norte da Síria. Ela foi lavada para uma clínica.

Recém-nascida foi encaminhada para uma clínica. Pai, mãe, irmãos e tia não sobreviveram

A pequena estava entre as ruínas de um prédio em Jindires, uma cidade no noroeste da Síria duramente atingida pelo terremoto. Esta menina é a única sobrevivente de uma família em que todos os membros morreram quando seu prédio de quatro andares desabou.

Nesta cidade perto da fronteira com a Turquia, as equipes de emergência encontraram os corpos de seu pai, Abdalá Mleihan, sua mãe, Aafra, suas três irmãs, seu irmão e sua tia na segunda-feira (6).

“Estávamos procurando por Abu Rudayna (apelido de Abdalá) e sua família. Primeiro encontramos sua irmã, depois sua esposa, depois Abu Rudayna, eles estavam juntos uns contra os outros”, disse à AFP um parente da família, Khalil Sawadi, ainda em choque.

“Aí ouvimos um barulho e cavamos (…), limpamos o local e encontramos essa menininha, graças a Deus”, conta.

A recém-nascida ainda tinha o cordão umbilical preso à mãe. “Cortamos, e minha prima levou o bebê para o hospital”, continua.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, um homem é visto carregando um bebê nu e coberto de poeira pelos escombros, com o cordão umbilical ainda pendurado.  No frio gelado, outro joga um cobertor sobre a menina.

Ajuda internacional

A ajuda internacional deve começar a chegar nesta terça-feira às zonas afetadas pelo terremoto e por seus tremores secundários. O primeiro abalo, na madrugada de segunda-feira, atingiu 7,8 graus de magnitude e foi sentido inclusive no Líbano, no Chipre e no norte do Iraque.

Na Turquia, o número de mortos subiu para 4.544, conforme último balanço da Autoridade de Gestão de Desastres e Emergências. O vice-presidente Fuat Oktay informou que há mais de 20.534 feridos.

Na Síria, 1.712 pessoas faleceram, e 3.640 ficaram feridas, de acordo com os balanços das autoridades de Damasco e das equipes de resgate nas zonas rebeldes.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, decretou estado de emergência por três meses nas dez províncias do sudeste atingidas pelo terremoto.

Com base nos mapas da região afetada, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que “23 milhões de pessoas estão expostas às consequências do terremoto, incluindo cinco milhões de pessoas vulneráveis”.

“A OMS está ciente da forte capacidade de resposta da Turquia e considera que as principais necessidades não atendidas podem estar na Síria, no imediato e no médio prazo”, disse a diretora de Emergências da OMS, Adelheid Marschang, ao conselho executivo da agência da ONU.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para a a urgência da situação: “Agora é uma corrida contra o relógio. A cada minuto que passa, a cada hora que passa, diminuem as chances de encontrar sobreviventes”.

Em vários momentos sem ferramentas, os bombeiros prosseguiram com a dramática busca por sobreviventes durante a noite, desafiando o frio, a chuva, ou a neve, assim como o risco de novos desabamentos.

Recém-nascida é encontrada viva

Ao sul da Síria, em Aleppo, Mahmud al Ali aguarda ao lado de um edifício destruído. “Minha sogra, meu sogro e dois de seus filhos (estão presos)”, conta. “Estamos aqui, sentados, no frio e na chuva, esperando que a equipe de resgate comece a cavar”.

Em Hatay, sul da Turquia, as equipes de emergência resgataram com vida uma menina de 7 anos que estava bloqueada sob uma montanha de escombros.

“Onde está minha mãe?”, perguntou a criança, com um pijama de cor rosa manchado pela poeira, no colo de um socorrista.

O jogador ganês Christian Atsu, ex-atleta do Chelsea e que assinou contrato em setembro com o Hatayspor, foi encontrado vivo nos escombros de um imóvel.

O tempo se esgota”

A bebê foi levada para um hospital na cidade vizinha de Afrin, onde foi colocada em uma incubadora e recebeu vitaminas.

“Ela chegou com os membros dormentes por causa do frio, sua pressão arterial estava baixa. Prestamos os primeiros socorros e a colocamos sob perfusão, porque ela ficou muito tempo sem ser alimentada”, explicou o doutor Hani Maaruf à AFP.

A menina tem hematomas, mas seu estado de saúde é estável, segundo o médico.

“Ela provavelmente nasceu sete horas depois do terremoto”, acrescenta. Pesa 3,175 kg, então nasceu dentro do prazo, diz.

Com poucos recursos, os socorristas levaram horas para remover os escombros para retirar os corpos dos demais membros da família.

Eles foram colocados lado a lado na casa de um parente, cobertos com lençóis, aguardando o enterro.

Na sala, Khalil Sawadi lista seus nomes. “Somos deslocados de Deir Ezzor. Abdullah é meu primo, e sou casado com a irmã dele”, diz ele.

A família fugiu da região instável de Deir Ezzor, mais ao leste, acreditando que estaria segura em Jindires, uma cidade controlada desde 2018 por forças turcas e por grupos rebeldes pró-turcos.

Cerca de 50 casas desabaram nesta cidade síria, relativamente perto do epicentro do terremoto na Turquia, segundo um correspondente da AFP.

Ajuda internacional

As condições meteorológicas na região de Anatolia dificultam os trabalhos de resgate e prejudicam as perspectivas dos sobreviventes, que se aquecem em barracas, ou ao lado de fogueiras improvisadas.

A ajuda internacional para a Turquia deve começar a chegar nesta terça-feira, com as primeiras equipes de socorristas procedentes da França e do Catar.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu a seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, “toda a ajuda necessária, seja qual for”.

O contingente francês pretende chegar a Kahramanmaras, próximo ao epicentro do terremoto, uma região de acesso difícil e que sofre com a neve.

A China anunciou o envio de uma ajuda de US$ 5,9 milhões, que incluirá grupos especializados em resgate em áreas urbanas, além de equipamentos médicos e material de emergência.

Erdogan anunciou que 45 países ofereceram ajuda, incluindo a Ucrânia, que anunciou o envio de 87 socorristas para a Turquia, apesar de estar em plena guerra com a Rússia.

O pedido de ajuda do governo da Síria recebeu, por enquanto, resposta da Rússia, aliada de Damasco, que prometeu enviar equipes de emergência nas próximas horas. E 300 militares russos que já estavam na região ajudam nos resgates.

A ONU também reagiu, mas insistiu em que a ajuda deve chegar a toda a população síria, incluindo a parte que não está sob controle de Damasco.

O Crescente Vermelho sírio fez um apelo para que a UE (União Europeia) retire as sanções contra o regime sírio para permitir o envio de ajuda.

Dormir ao relento

Os balanços de vítimas dos dois lados da fronteira não param de aumentar e, levando-se em consideração a magnitude da destruição, a tendência deve persistir.

Apenas na Turquia, as autoridades contabilizaram quase 5.000 imóveis desabados.

Além das condições já dramáticas, a queda da temperatura representa um risco adicional de hipotermia para os feridos e as pessoas bloqueadas nos escombros.

Na segunda-feira, foram registrados pelo menos 185 tremores secundários, além dos dois terremotos principais: um de 7,8 graus durante a madrugada (4H17), e outro, de 7,5 graus de magnitude, ao meio-dia.

Os tremores secundários prosseguiram durante a madrugada de terça-feira. O mais forte, de magnitude 5,5, aconteceu às 6h13 (0h13 de Brasília) a nove quilômetros de Gölbasi (sul da Turquia).

As autoridades turcas adaptaram ginásios, escolas e mesquitas para abrigar os sobreviventes. Mas, com medo de novos terremotos, muitos moradores preferiram passar a noite ao relento.

“Todo mundo está com medo”, disse Mustafa Koyuncu, um homem de 55 anos que passou a noite com a esposa e os cinco filhos no carro da família em Sanliurfa (sudeste da Turquia).

Este foi o terremoto mais devastador na Turquia desde o registrado em 17 de agosto de 1999, que deixou 17.000 mortos, incluindo mil em Istambul.

Fonte: ND+

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