Em todo o Brasil, SUS tem cerca de 100 centros para realização do procedimento, fundamental para o diagnóstico de distúrbios do sono.
Ao menos 12.584 brasileiros precisam fazer uma polissonografia, o chamado “exame do sono”, e não conseguem. O número é de um levantamento feito com dados das secretarias de saúde dos estados e do Distrito Federal e da Lei de Acesso à Informação.
? Contexto: O exame é referência para o diagnóstico de distúrbios que acontecem enquanto dormimos, como a apneia do sono, condição que interrompe a respiração por alguns segundos e pode ter graves consequências na saúde. (Veja mais abaixo como ele é feito.)
Esta reportagem é parte de uma série que publica sobre o ronco para explicar o que provoca o ruído; como é feito o “exame do sono”, a polissonografia; e o que são CPAPs e BiPAPs. A série também aborda quando procurar ajuda médica sobre o ronco e apneia do sono e as principais soluções para parar de roncar.
Os dados incluem dez estados (Alagoas, Ceará, Goiás, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e Santa Catarina) e mais o Distrito Federal.
Outros nove estados (Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Sul e São Paulo) não informaram o tamanho das suas filas. Entre as justificativas apresentadas estão, por exemplo, a de que o exame só é feito pela rede municipal.
Os demais sete estados (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Roraima, Sergipe e Tocantins) disseram que não realizam o exame na rede estadual.
? Fila subnotificada
Como parte das informações foi repassada pelas redes estaduais, a fila no país deve ser ainda maior, uma vez que dados específicos dos municípios, que em alguns casos possuem sistemas próprios, não foram considerados no levantamento.
O número, porém, já pinta uma realidade bastante penosa para quem precisa realizar o diagnóstico de distúrbios relacionados ao sono, como no caso da auxiliar de limpeza Erica Sousa, de Divinópolis (MG).
Ela conta que, no começo de 2020, desistiu de aguardar na fila para a realização do procedimento e recorreu ao serviço privado, mesmo com dificuldades financeiras.
“Na época, tive que pagar cerca de R$ 800 pelo exame, mais R$ 200 para uma pessoa me levar numa clínica porque aqui na minha cidade não tinha”, relembra.
Depois do exame, Erica foi diagnosticada com um quadro grave de apneia, causado principalmente pela obesidade. Ela pesava 117kg na época.
“[Por causa da síndrome], eu não dormia à noite, não conseguia descansar e precisava de alguém para ficar sempre me vigiando durante o sono porque eu tinha paradas respiratórias”, relata.
Fonte: G1