Várias teorias cercam a sexta-feira 13, considerada o “dia do azar” no Brasil e em outras partes do mundo
Várias teorias cercam a sexta-feira 13, considerada o “dia do azar” no Brasil e em outras partes do mundo. Além deste 13 de janeiro, a combinação se repetirá em outubro neste ano. Não há consenso sobre a origem do seu significado, mas diversas versões tentam explicar o motivo do “mau agouro” nesta data específica, muito explorada em filmes de terror.
“A sexta-feira vem de Vênus, que é a deusa feminina que está ligada ao amor, ao prazer, ao erotismo e à beleza. A sexta-feira também está ligada à luxúria e ao dia das bruxas. Já o número 13 está ligado à má sorte”, afirma Oscar DAmbrosio, pós-doutor e doutor em educação, arte e história da cultura.
Segundo DAmbrosio, na Bíblia Sagrada, por exemplo, o fim do mundo começa no 13º capítulo do Apocalipse. No Cristianismo, a Santa Ceia contou com a presença de 13 pessoas: os 12 apóstolos e Jesus Cristo. E a sexta-feira também foi o dia da crucificação de Jesus Cristo.
Também existe uma versão ligada aos nórdicos e a Loki, o deus das quizumbas e sacanagens. Ele foi o 13º convidado a chegar em um jantar com outros deuses e fez uma algazarra – até cuspiu na cara dos outros presentes.
“Temos ainda a reflexão no Tarô, por exemplo, o Arcano 13 tem uma imagem de uma lâmina que está ligada à morte, entendendo como uma transformação. Mas, de qualquer maneira, a associação se dá entre o 13 que daria azar, estando ligado à morte, e a sexta-feira, que é o dia da luxúria”, acrescenta o especialista em história da cultura.
Outra teoria diz que o “preconceito” contra o 13 se deve ao fato de ele suceder ao número considerado “perfeito”. “Temos os 12 signos do Zodíaco. E o décimo terceiro entra em um mundo misterioso, como se arruinasse a perfeição do número 12?, diz DAmbrosio.
Segundo as superstições mais conhecidas, as pessoas não devem passar embaixo de escada, quebrar espelho ou mesmo abrir um guarda-chuva dentro de casa sob o risco de ter ainda mais má sorte. Outras crendices como não cruzar com um gato preto, no entanto, impactam em riscos aos felinos, especialmente neste dia.
Fobias causadas pela data ou número 13
O medo específico da sexta-feira 13 pode ainda desenvolver fobias chamadas de parascavedecatriafobia ou frigatriscaidecafobia. Já o pavor do número 13 é conhecido como triscaidecafobia.
Tanto as fobias relacionadas ao dia (sexta-feira 13), quanto a fobia ligada ao número 13 fazem parte de quadros de transtornos de ansiedade.
“Chamamos de fobia, quando a ansiedade é muito acima do proporcional para determinada situação. Ou seja, a pessoa entende aquilo como uma ameaça, sendo considerado um medo irracional. Essas situações são somente mais alguns exemplos de quadro de fobias de medo irracional”, afirma Nina Ferreira, médica psiquiátrica, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia.
Geralmente, as fobias com foco na data ou no número 13 acontecem com indivíduos com predisposição genética, que têm mais tendência para serem mais ansiosos. “Também há experiências prévias que envolvem isso. A pessoa ouviu falar que algo traz má sorte ou passou por experiências negativas em uma sexta-feira 13 e correlaciona isso com o risco de acontecer novamente”, afirma a psiquiatra.
Em momentos de crise, o indivíduo pode apresentar sintomas de ansiedade intensa, acreditar que uma catástrofe pode acontecer neste dia. “A pessoa pode sentir uma dor no peito, apresentar falta de ar, sudorese e também ter uma reação de paralisação. Ou seja, a pessoa não faz nada porque é uma sexta-feira 13?, acrescenta a especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia.
Com relação ao tratamento, é indicado que o paciente procure ajuda médica para lidar com as fobias, quando elas impactam no seu cotidiano. “Geralmente, são indicadas as psicoterapias, em especial, a terapia cognitiva comportamental para tratar fobias em geral que causam sofrimento ao paciente. Somente se a fobia da sexta-feira 13 ou do número 13 for muito intensa e atrapalhar a qualidade de vida, a pessoa deve realizar tratamento”, afirma Nina.
Fonte: Diário da Manhã