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quinta-feira, 21/11/2024

Ânimos exaltados e choro de um dos réus: veja como foi o início do júri dos acusados de matar dois advogados em Goiânia

Julgamento começou nesta terça-feira (30), e tem previsão de durar três dias. Jurados vão decidir sobre a culpa – ou inocência – de Nei Castelli, Cosme Lompa e Hélica Ribeiro.

Bate-boca entre defesa e testemunha, questionamento acerca de provas e choro da ré: assim foi a manhã do primeiro dia do júri dos acusados de envolvimento no assassinato dos advogados Marcus Aprígio Chaves, de 41 anos, e Frank Alessandro Carvalhaes, de 47, mortos a tiros em outubro de 2020, em Goiânia. O julgamento, que começou nesta terça-feira (30) e tem previsão de durar três dias, vai decidir sobre a culpa – ou inocência – do fazendeiro Nei Castelli, o empresário Cosme Lompa e de Hélica Ribeiro, então namorada do atirador Pedro Henrique Soares (já condenado). Eles são acusados de ser, respectivamente, mandante, intermediário e favorecedora do crime.

O júri acontece no Fórum Cível de Goiânia, no Parque Lozandes. De um lado, o Ministério Público (MP) na condição de acusador, e do outro, a o corpo de defesa dos acusados. Os representantes das partes deverão ouvir 17 testemunhas arroladas, apresentar e rebater provas e argumentar para convencer os sete jurados se Nei Castelli realmente pediu, ou não, a Cosme para contratar o pistoleiro Pedro Henrique para executar Marcus e Frank no escritório deles, no setor Aeroporto.

O crime teria sido motivado por uma ação ganha pelos advogados relacionada a terras, na divisa de Goiás e Bahia, avaliadas em R$ 46 milhões e que geraria honorários sucumbenciais de R$ 4,6 milhões para a dupla de advogados.

Prova em xeque

Ao longo da manhã do primeiro dia do júri, diante de uma chorosa Hélica – que esteve aos prantos durante quase todo o tempo de argumentação da defesa e da acusação – e de um impassível Castelli, duas testemunhas foram ouvidas – uma arrolada exclusivamente pelo MP e outra arrolada tanto pelo MP quanto pela defesa: o agropecuarista Luciano Maffra, padrinho de casamento e amigo de Marcus Aprígio; e Rhaniel Almeida, delegado da Polícia Civil que conduziu o inquérito criminal.

Porém, logo no início do júri, a acusação questionou a defesa sobre um print de conversa entre Maffra e Marcus Aprígio em que o agropecuarista comenta um “meme” enviado pelo advogado, mas brinca que só acharia graça e até “soltaria foguetes” se fosse um de Castelli em má situação. Veja abaixo:

Os representantes do MP questionaram o fato do print da conversa, apresentado aos jurados pela defesa, não estar anexado no processo. O júri chegou a ser pausado para a confirmação e gerou bate-boca entre defesa e acusação. Após alguns minutos, constatou-se que a prova não havia sido anexada ao processo devido ao tamanho do arquivo, mas que havia a certidão de recebimento que confirmava que ambos os lados tiveram acesso a ela.

Já em outro print de conversa, esse apresentado pela acusação, Aprígio revela ao padrinho de casamento seu medo de ser morto por Castelli. “Mas realmente, você não acha perigoso executarmos [ação de execução] os Castelli? Eles mandaram matar você… não vão querer me matar também?” questionou.

O diálogo faria referência a duas supostas ameaças de morte que Maffra disse já ter sofrido por parte da família Castelli. Em seu depoimento, ele alegou que em uma delas o suposto pistoleiro contratado para dar cabo de sua vida o teria procurado e revelado que receberia R$ 300 mil pelo crime, mas que desistiu de cometê-lo por conhecer Maffra desde criança.

Discussão acalorada

Em seu depoimento, a testemunha Luciano Maffra afirmou que o motivo das supostas ameaças dos Castelli contra ele seria uma disputa envolvendo sobreposição de terras. Nesse ponto, a defesa de Nei Castelli questionou Maffra do porquê de não ter registrado uma ocorrência na época. Ele respondeu ter sido orientado por um amigo policial que seria difícil denunciar uma ameaça sem ter o nome do possível autor.

A certa altura, a defesa, neste momento representada pelo advogado Renato Armiliato Dias, e Luciano Maffra chegaram a protagonizar uma discussão acalorada após o agropecuarista dizer que estava cansado de ser constrangido. “Falaram até que eu era pistoleiro, colocaram outdoor pela cidade”, bradou, ao que o advogado rebateu dizendo que a defesa não o estava constrangendo.

Os ânimos só se acalmaram após intervenção de Eduardo Pio Mascarenhas, juiz que conduz o julgamento.

Participação de Hélica

Segunda testemunha a falar, o delegado Rhaniel Almeida deu detalhes da investigação que levou aos nomes de Nei Castelli e Cosme Lompa como responsáveis pelo assassinato de Marcus e Frank.

De acordo com ele, a Polícia Civil concluiu que Cosme indicou Pedro Henrique para cometer o crime após ser procurado por Castelli. Pedro, por sua vez, chamou Jaberson Gomes (morto em confronto com a PM do Tocantins dias depois do crime) para ajudá-lo. Eles fingiram ser clientes e foram até o escritório dos advogados, no setor Aeroporto, onde os mataram e ainda levaram a quantia de R$ 2 mil.

Almeida contou que a investigação verificou que Lompa buscou Pedro Henrique e Jaberson no Tocantins e os levou para Goiânia, sendo responsável ainda por custear todas as despesas dos dois na capital.

O delegado, que disse que ouviu de Lompa que o empresário se reuniu com Castelli e Pedro Henrique antes do crime, descartou a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). “Ficou claro pra gente que não se tratava de um roubo. Ficou bem claro que se tratava de um homicídio. E como eles [Pedro Henrique e Jaberson] não tinham nenhuma relação com os advogados, pra gente ficou claro que tinha sido um crime comandado”, disse, em seu depoimento no júri.

No entanto, Almeida relatou que, apesar de ter constatado que Hélica sabia que o namorado havia ido para Goiânia para “cometer um crime grave e que renderia uma quantia em dinheiro”, ela não sabia que se tratava de um homicídio e não teve participação direta nele.

Portanto, para a testemunha, ela teria somente favorecido Pedro Henrique, ao hospedá-lo em sua casa após o crime já sabendo o que ele havia feito, além de cumprir uma ordem de uma advogada ligada ao atirador de buscar a quantia de R$ 10 mil na propriedade de Cosme Lompa após o homicídio dos advogados.

Segundo Almeida, dessa quantia, R$ 5 mil teria ficado com Hélica.

Mais testemunhas serão ouvidas, e os jurados devem dar o veredito até o fim da semana.  A defesa de Castelli  pediu um posicionamento sobre o primeiro dia do júri e aguarda retorno.

Fonte: G1

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