No entanto, alertam que é preciso avançar na legislação para que os avanços da medicina na área sejam contemplados no país.
Médicos, pacientes e ativistas de Goiás celebraram o recuo do Conselho Federal de Medicina da resolução que restringia o uso de maconha e seus derivados para tratamento de doenças no Brasil. No entanto, alertam que é preciso avançar na legislação para que os avanços da medicina na área sejam contemplados no país.
O Conselho Federal de Medicina decidiu a segunda-feira (24) suspender “temporariamente” a resolução que restringiu a atuação dos médicos na prescrição de medicamentos de cannabis. Após receber críticas de entidades, médicos, cientistas e pacientes, a entidade decidiu abrir consulta pública no site www.portal.cfm.org.br para receber sugestões da sociedade.
Segundo o médico João Normanha, pesquisador dos efeitos medicinais da maconha, a revogação volta o entendimento do Conselho Federal de Medicina de 2014. Ou seja, aquele que restringe a prescrição da cannabis apenas de forma compassiva, às situações onde métodos já conhecidos não apresentam resultados satisfatórios.
Com a revogação do ato da semana passada, os médicos poderão voltar a ministrar palestras, curso e divulgar pesquisas sobre o assunto. No entanto, João Normanha aponta que há uma volta “ao ponto inicial” da discussão e que é preciso avançar na legislação. Para isso, médicos e especialistas na áreas participarão, na próxima quarta-feira (26), de audiência pública na Câmara dos Deputados para apontar sugestões.
“Estamos atuando sob a escuridão nessa legislação. Se faz necessário uma normativa que atenda as necessidades que temos hoje. Não ganhamos a guerra, mas uma batalha. Voltamos ao ponto inicial, de uma normativa restritiva e que só permite o uso compassivo. Foi bom porque mostra a força dos médicos, dos pacientes e famílias, mas o problema não foi resolvido”, explica.
Avanço
Paciente e presidente da Associação Curando Ivo, Filipe Suzin comemora o recuo do Conselho Federal, mas concorda que é preciso avançar na legislação. Ele pontua a importância que o movimento realizado na sexta-feira (21), em que grupo de ativistas, médicos, pacientes e pesquisadores foram à porta do Conselho Federal, em Brasília, teve para a revogação da resolução.
“Mas isso não muda nada. A resolução de 2014 continua vigente, que é completamente restritiva. Buscamos um acesso do paciente à planta. Pelo menos, eles sentiram a pressão que fizemos. Agora temos que continuar pressionando”, diz.
Filipe Suzin aponta que é preciso ainda instruir a sociedade para o preenchimento à consulta pública disponibilizada pelo Conselho Federal de Medicina, de acordo com todos os embasamentos científicos. Além de maior liberdade de acesso e prescrição da planta como um todo.
“É preciso ainda ter entendimento de que os pacientes não precisam apenas do óleo. É preciso ainda ter liberdade de prescrição e acesso a flores in natura — como utilizo no meu caso. Agora é nova oportunidade para isso. Precisamos instruir a sociedade”, aponta.
Fonte: Mais Goiás