Reforma ministerial pode tirar Planejamento de Paulo Guedes e reduzir agenda liberal

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, pode perder mais do que a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho na reforma ministerial promovida pelo presidente Jair Bolsonaro, que vai contar com o senador Ciro Nogueira (PP-PI) na Casa Civil. Ele também pode perder a estrutura responsável pelo antigo Ministério do Orçamento, Planejamento e Gestão (MPOG), que pode cair nas mãos do Centrão. Outra possibilidade é que as mudanças na Esplanada representem uma guinada antiliberal na política econômica de Guedes.

Como explicou anteriormente um interlocutor do Palácio do Planalto à Gazeta do Povo, o governo espera um “controle e enquadramento” maior a Guedes, a fim de que a equipe econômica tenha uma visão mais pragmática e menos liberal, com foco nas eleições de 2022. Desse alinhamento mais profundo entre Bolsonaro e Centrão, Guedes está consciente de que precisará se adaptar.

O golpe mais duro que Guedes deve sofrer é com a perda da estrutura sobre o Orçamento, uma vez que o antigo MPOG deve ser recriado para acomodar um senador, segundo afirmam interlocutores do Planalto à reportagem. O nome do senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, é o mais cotado — apesar da executiva nacional emedebista ter prometido retaliar qualquer filiado que assuma um ministério.

Outra possibilidade seria entregar o Planejamento para o PSD. O presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, tem indicado que a legenda pode deixar a base aliada de Bolsonaro. E cogita até mesmo lançar um candidato a presidente em 2022. A entrega do Planejamento ao PSD seria uma forma de conter essa movimentação.

Quais os riscos de ruptura entre Bolsonaro e Guedes
A transição de uma política econômica mais liberal para uma mais pragmática pode, contudo, não ser um problema. Guedes tem dito nos bastidores que se ambientará às costuras políticas, inclusive com a possibilidade de revisar as reformas do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) — que unifica o PIS e Cofins.

A política mais pragmática que o governo decidiu seguir não sugere uma ruptura entre Bolsonaro e Guedes. No Planalto, o discurso é de que o presidente da República ainda conta com o ministro. Já no Ministério da Economia, a palavra de ordem é “adaptação”.

Os interlocutores de Guedes destacam que sempre houve um “filtro” estipulado pelo Planalto do “limite” que a equipe econômica poderia chegar nas propostas apresentadas. A diferença é que, agora, o ministro se adaptará mais ao momento político.

“Sempre teve um filtro, mas, agora, vai ser mais refinado porque estamos entrando em um processo eleitoral de todos, não só do presidente, mas, também, da base que o sustenta”, diz um interlocutor da equipe econômica à reportagem.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/agenda-liberal-planejamento-guedes-reforma-ministerial/

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